quinta-feira, 16 de outubro de 2014

III Celebração das Culturas dos Sertões promoveu palestra sobre Moda dos Vaqueiros



A palestra que compôs a programação da III Celebração das Culturas dos Sertões desta quarta-feira (15) surpreendeu os participantes já nas primeiras palavras. Germana Araújo, professora de Design da Universidade Federal do Campo Grande, contou que, ao contrário do que a maioria da pessoas pensa, o cangaço era “um carro alegórico de tantas cores que vestia”. Desmistificando essa ideia do bando monocromático, ela explicou: “Quem vestia marrom era a polícia. O bando de Lampião vestia azul e diversos adornos coloridos, cuidadosamente feito, para mostrar poder, para construir uma imagem. Mas como a fotografia da época era preta e branca, permaneceu essa ideia do couro ao longo do tempo”, declarou a ministrante da palestra “Moda de Vaqueiro”.

Germana destacou que, ao contrário de Lampião, o vaqueiro é que é o encourado. A ele que é atribuída a imagem da figura do sertanejo, vestido de couro do chapéu à bota, devido ao seu ofício. Outro ponto importante que chamou atenção dos presentes, foi a necessidade de não desabilitar o poder criativo do povo. Germana, que também é  especialista em Gestão Estratégica de Pessoas e mestra em Desenho, Cultura e Interatividade, compartilhou com o público a sua experiência enquanto gestora,  ou “maestra” – como ela prefere -, de um negócio formado por mulheres artesãs que criavam peças estilizadas com referências da moda do sertão. Essas mulheres foram treinadas e estudaram princípios da moda e do design para darem vazão à sua criatividade, aproveitando as referências de sua terra. “Se uma fábrica atual quiser fazer uma coleção inspirada no vaqueiro, no cangaço, precisa estudar, se debruçar sobre os detalhes dos desenhos, dessa lógica compositiva que é tão rica e que foi feita por pessoas que nunca estudaram moda”.

Entre os professores, estudantes e artistas presentes, estava Eudório Cintra dos Santos, artesão do couro. Para ele, uma das coisas mais importantes é divulgar para que cada vez mais pessoas apreciem o que é produzido naquela região. “Tenho 72 anos e há 40 trabalho como artesão do couro. Vim assistir as palestras desde o primeiro dia, que é para a gente aprender cada vez mais sobre desses detalhes que o pessoal fala aqui e como fazer aparecer mais nossa cultura e nossos produtos”, afirmou seu Eudório.

Já para Angela Girelli, gerente de Recursos Humanos da fábrica, que tem sede em Ipirá, a The Shoe Company Paquetá, “a palestra trouxe um viés cultural interessante. Por isso, trouxemos o pessoal da fábrica, aqueles de trabalham no desenvolvimento do couro, além de outros funcionários”.

A III Celebração continua nesta quinta-feira (17) com a Exposição de Vaqueiros das 8h às 17h, no Mercado das Artes. Confira a programação do Ipirá Couro Show, evento que também contará com apresentações musicais promovidas pela Secretaria de Cultura do Estado da Baha (SecultBA), para o encerramento da Celebração.

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